Na segunda-feira, 28 de abril, vou apresentar uma conferência na EHESS (Paris) sobre a mobilização da classe médica brasileira pelo direito de realizar abortos terapêuticos ao longo do século XIX. O evento faz parte do ciclo Brésil(s): enquêtes en cours et travaux récents en sciences sociales, organizado pelo CRBC e pela revista Brésil(s).
O ponto de partida da minha pesquisa é a exceção mais antiga da legislação brasileira sobre o aborto: desde 1890, o Código Penal autoriza a interrupção da gravidez quando há risco de vida para a gestante. O que me interessa é entender como essa disposição surgiu. A minha hipótese é que ela foi conquistada a partir de uma longa e persistente campanha por parte dos médicos, que buscavam garantir legitimidade legal para agir em nome da “salvação da mãe”.
Com base em fontes médicas e jurídicas da época, analiso as estratégias usadas pelos médicos para justificar o aborto como prática terapêutica – e também o modo como eles buscavam se afastar das mulheres leigas que realizavam abortos como forma de controle de natalidade. Trata-se, portanto, de uma história sobre disputas por autoridade, por linguagem e por legitimidade em torno da vida e da morte no parto.
A sessão acontece das 16h30 às 18h30 (horário de Paris)/ 11:30 às 13:30 (Brasília).
Se quiser participar online, escreva para monica-raisa.schpun@ehess.fr .
Será um prazer dividir essa pesquisa com vocês!

Cartaz da minha conferência na EHESS, 28 de abril de 2025